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Por que não podemos ter tudo que queremos?

Querer é poder? Constantemente me faço essa pergunta em minhas reflexões. Mas nunca consegui obter uma resposta definitiva. E isso é bom! Afinal, ter certezas muitas vezes nos faz errar o caminho e entrarmos numa rua sem saída.

Quando quero e a vida me proporciona oportunidades para alcançar o meu querer, querer é poder! Quando quero, mas a vida me vira as costas, querer não será poder, porque não dependerá só de mim.

Dessa forma, dizer a um jovem que ele precisa estudar, formar-se e ser independente na vida é muito fácil, especialmente se esse jovem pertence a uma família de classe média alta, bem estruturada, com várias possibilidades de um futuro promissor. Dizer a mesma frase para um jovem que mora numa favela, que precisa trabalhar o dia inteiro para se sustentar e à sua família, parece bem mais difícil. O querer tem que ser gigante, porque o poder é mínimo.

O cuidado que precisamos ter com essas frases de efeito e que os palestrantes adoram, é ler o contexto em que elas são ditas. Posso alcançar tudo o que desejo? Não. Porque muitas coisas não dependem de mim. Os cenários mudam, e essa mudança pode apresentar um cenário novo para cada um de nós. Nesse sentido, posso mudar o meu querer, já que o que eu queria não se tornou viável.

Pode parecer confuso, mas não é. Quem deve definir o que você quer é você mesmo, ninguém mais! Alguém vai dizer que a sociedade nos coage a agir de certa forma. Concordo. Mas a nossa paz de espírito ou a nossa felicidade não pode estar nos outros, e sim dentro de nós.

As pessoas querem trocar de emprego ou de parceiros, por que se sentem infelizes? Ou por que leram em algum lugar, assistiram na televisão ou ouviram um palestrante dizer que querer é poder?

É lógico que você pode separar do seu parceiro ou mudar de trabalho quando bem entender. Isso te fará feliz? Talvez. Mas você já parou para refletir que não há empregos perfeitos, muito menos parceiros e parceiras? Todos temos defeitos, cometemos falhas, erramos.

Posso mudar de emprego cem vezes ou trocar de marido ou esposa outras cinquenta, o que vai acontecer? Nada. O que você quer ou quis fazer é mostrar aos outros que você pôde ou pode, mas vai descobrir com o tempo que apesar de algumas mudanças serem necessárias, quem precisa mudar é você – seu modo de pensar e agir.

Os nossos relacionamentos e os nossos trabalhos não melhoram porque mudamos com frequência de um para o outro, mas porque amadurecemos durante a vida. O “eu” que achava uma afronta o parceiro deixar uma toalha molhada na cama, ou um colega de trabalho não devolver a caneta que pediu emprestada, hoje consegue perceber que o outro tem defeitos, mas também virtudes. Não foi o outro que mudou, foi você quem mudou a forma de ver as coisas, e também a vida.

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Por que desistimos?

Alguém pode dizer que desistir é para os fracos. E eu não vou concordar. Porque quando falamos de renúncias, precisamos compreender o contexto no qual cada um vive. E isso não é muito simples.

Quando um palestrante ou um autor de livros motivacionais dizem que somente os fracos desistem, talvez ele mesmo tenha esquecido que desistir de algo é uma prática comum, e que isso não é condenável em muitas situações.

Desistir é renunciar, é abdicar-se de algo, que pode ser um desejo, uma vontade ou uma relação. Nem sempre conquistaremos tudo aquilo que desejamos e ter essa compreensão nos ajuda em nossa saúde mental, porque nem tudo pode ser nosso. Querer nem sempre será poder.

Mudar de opinião é uma possibilidade bastante real, principalmente quando a vida lhe mostra o contrário daquilo que você deseja, ou lhe dá sinais de que existem outros caminhos, outras oportunidades.

Desistir de um curso superior porque perdeu o emprego não fará de você um fracassado, mas alguém com responsabilidade, que honra seus compromissos financeiros, que consegue entender que um passo para trás pode significar dois para frente no futuro.

Mudar de ideia ou simplesmente desistir denota uma característica importante em você, flexibilidade. Mas alguém pode dizer: “Você precisa ser resiliente”! Sim, todos necessitamos ser. Concordo que é preciso enfrentar os obstáculos, mas entendo também que se for possível desviar de alguns, você poderá ganhar tempo. Isso é sinal de inteligência, pois pular o muro talvez seja menos doloroso que quebrá-lo com uma marreta.

O caminho é longo e você pode continuar nele, mas nada te impede de alterá-lo, correr em alguns momentos, parar em outros, conhecer pessoas interessantes, dar um tempo, curtir bons momentos, sorrir, brincar, trabalhar, estudar, tudo é possível numa mesma caminhada, dependendo sempre de como você percebe a vida. Afinal, a vida é um caminho, que em algum momento será encerrado.

Por isso, se você já desistiu de algo e se arrependeu, volte atrás, se for possível. Peça desculpas, ou perdoe quem também já desistiu de você algum dia. Vivemos momentos, fases, e nem sempre vamos pensar e agir da mesma forma durante a nossa caminhada.

Lembre-se que mudar de ideia, de opinião ou de objetivo não vai definir que você é um derrotado ou que você não termina nada que começa. Mudar significa transformar. Sendo assim, se a sua vida está ruim ou está boa, se está monótona ou agitada, se está triste ou feliz, é você quem pode transformá-la, continuando ou desistindo, mas sempre mudando!

O que é a paz?

Geralmente quando desejamos feliz aniversário a alguém, dizemos “Muita paz, saúde e felicidade”. Dessa tríade, o que conseguimos melhor definir é a saúde, porque felicidade e paz exigirão de nós mais reflexão.

Para muitos paz é somente antônimo de guerra. E no dicionário está assim. Quando não estamos em conflito, estamos em paz. Defendo que viver em paz é melhor que viver feliz. Talvez porque a felicidade é passageira, efêmera, momentânea, enquanto a paz é mais duradoura, lenta, contínua.

E por vivermos num mundo cada vez mais veloz, esquecemos da paz, que contrária à felicidade, nos traz calma e tranquilidade. Isso porque a felicidade, para muitas pessoas, é sinônima de movimento: viajar, curtir, comer, beber, reunir.

A paz de que eu falo não é ausência de guerra, é presença de espírito, de silêncio, de nada. Enquanto a maioria quer ser feliz, ter paz parece o desejo de poucos, talvez porque esses poucos já viveram em guerra, quer com os outros, quer consigo mesmos.

Estar em paz é sair na rua e não se preocupar com o aonde e sim com quem. Se estou em boa companhia, que importância fará o lugar? Se estou bem comigo, qual a importância tem a roupa, o perfume ou os olhares?

Para quem já viveu em guerra, consigo e com os outros, vai entender que voltar para casa pode ser uma das coisas mais felizes do mundo. Por quê? Porque ter para onde voltar é mais importante do que se perguntar ‘por que eu não tenho uma casa melhor?’. Num ambiente de constantes conflitos não há paz. E isso pode ser mais comum do que acreditamos.

Imagine você indo dia após dia, de segunda a sexta, para um lugar no qual você não gostaria de ir. Esse lugar é o seu trabalho? Se sim, você não está em paz. Procure outro trabalho, outro modo de ganhar a vida, porque em breve estará doente, se já não estiver. Lembra-se da saúde que falei no primeiro parágrafo? Pois é, paz tem a ver com saúde.

Do mesmo modo pense em você voltando para a sua casa num dia qualquer. É bom voltar para um lugar no qual você não é feliz? É sacrificante dividir o mesmo teto, a mesma cama, o mesmo banheiro? Quão é doloroso segurar a mão do seu parceiro e caminhar assim numa rua movimentada?

Lembra-se da felicidade que falei no primeiro parágrafo? Pois é, paz tem tudo a ver com felicidade. Você não precisa estar rodeado de amigos, ou numa praia paradisíaca, para estar feliz basta ter ao seu lado alguém que você ama e confia, e esse alguém pode ser você mesmo.

Não é o ambiente que precisa ser feliz ou estar em paz, mas sim você. Porque quando você descobrir que tem saúde, e que está em paz, talvez você enfim descubra o que é essa tal felicidade.

A justiça existe?

Justiça é um substantivo abstrato, portanto, não é concreto, palpável, tocável, tangível. Ela existe, mas só em nosso imaginário, porque se formos procurá-la em algum local não a encontraremos.

Escutamos em algum momento da vida alguém dizer: “Fulano fez justiça com as próprias mãos”. O que ele fez? Onde estava a justiça no instante em que o ato foi cometido? Foi justo ou não? A justiça aconteceu ou não?

A justiça deve (ou deveria) ser cega; assim como a deusa Têmis tem os seus olhos vendados, nós também precisamos tê-los, para não olharmos um só lado e termos a sabedoria em decidir sobre o que é justo ou não.

 Não há um manual de justiça, ainda que legisladores, juristas, advogados ou quaisquer estudiosos insistam em dizer que é possível compreendê-la, e o que é pior ou mais difícil, praticá-la.

O juiz julga de acordo com os autos e o que interessa a todos é a motivação. Por que o crime foi cometido? Os juízes, advogados de defesa e promotores jamais saberão, porque a motivação é interna e só quem o cometeu pode sabê-lo, e talvez nem ele mesmo saiba.

Qual o objetivo do crime cometido? Precisamos ser racionais para podermos definir, mas o que é certo é que talvez nunca consigamos essa definição. A justiça (praticada em tribunais) erra, como qualquer um pode errar. Se errar é humano, eu posso errar, você também, e o juiz, não? “Mas quem pode gabar-se de conhecê-la ou de possui-la totalmente?”, pergunta André Comte-Sponville.

Não deve ser fácil a vida de um juiz. Chegar todos os dias em casa e não ter a certeza que a justiça foi feita. Somos todos subjetivos. Quando você escuta alguém dizer “Não conheço Beltrana, mas não vou com a cara dela” é racional? É objetivo? Certamente não. Quando você participa de uma entrevista de emprego, o entrevistador é objetivo ou subjetivo? Nunca vamos saber. Se ele foi com a sua cara, o emprego será seu. Mas o que a sua cara precisa ter para ser aprovado (a)?

O juiz, o entrevistador, o pai, a mãe, o chefe, todos eles tentarão ser justos, mas nem sempre vão conseguir, porque a justiça não é um objeto, definido, sólido. A justiça não é como um guarda-chuva, que ao abri-lo você estará protegido da chuva. A justiça talvez seja a própria chuva, que vai e vem, às vezes avisa outras vezes não. Mas ela sempre vai estar ali. Muitas vezes não vamos enxergá-la, mas a sentiremos de algum modo.

Alguns acreditam que a justiça é como a mudança ou como aquela roupa que achamos bonita. Deve ficar bonita só nos outros, em nós não. Ser justo é dividir em partes iguais. Ser justo é ter empatia. O quanto temos sido justos em nossas vidas? Dividimos mais ou acumulamos mais?  Qual o nosso conceito de justiça?

Discutir se a justiça existe não é o mais importante. O que precisamos mesmo é tê-la dentro de nós e não nos livros ou tribunais. Se passarmos a olhar mais para dentro, certamente o que está fora se tornará mais belo. Justiça, portanto, não tem a ver com razão. E sim com emoção.

Você faz a sua parte?

Trabalho em equipe é o que os gestores mais desejam dentro das organizações e talvez seja também o maior desafio deles. Cada um fazendo a sua parte. Assim se dá a famosa “divisão do trabalho”. Se um falta, erra ou negligencia o processo, o resultado não é alcançado de forma satisfatória.

Se no trabalho já é difícil conseguir a harmonia da equipe, imagina então na sua rua, no bairro, na cidade, na sociedade brasileira. Fazer algo em conjunto demanda tempo e principalmente boa vontade de cada parte, sendo assim, se cada um fizer a sua, e bem feita, o resultado mais provável é que o objetivo seja alcançado.

O problema é que geralmente alguns não fazem a parte que lhe foi destinada. Vamos aos exemplos. No início da pandemia do coronavírus era obrigatório, em algumas localidades, o uso de máscara em qualquer ambiente, fosse ele fechado ou aberto, público ou privado, e ainda assim muitas pessoas não faziam a sua parte, quer por desleixo, quer por não acreditarem que o vírus fosse fatal.

Quando estamos na academia lemos na placa de aviso: “Após o uso favor guardar os equipamentos”. Qual (is) cliente(s) cumpre(m) o aviso? Da mesma forma acontece nas ruas. O sujeito coloca a mão para fora do carro e despeja o lixo em via pública. São entulhos nas calçadas, pessoas colocando fogo nas folhas que caem das árvores, outras depredando o espaço público, outras vendo e não denunciando, enfim, parece que ninguém quer muito fazer a sua parte, mas está sempre esperando que o outro faça.

Se pensássemos coletivamente o trabalho seria mais prazeroso ou menos dificultoso. Fazer a sua parte implica em ter empatia, ou seja, pensar no outro. Se eu não faço a minha parte, o outro ficará sobrecarregado ou não conseguirá fazer a dele também, e o resultado pode ser ruim.

Aquele que xinga o prefeito porque a cidade está suja, tem feito a sua parte em não jogar lixo nas ruas? Aquele que cobra benfeitorias no município está pagando seus impostos em dia? Aqueles que reclamam da bagunça na academia têm feito a sua parte em voltar os equipamentos para o seu lugar? Quem tem questionado sobre o aumento de casos na pandemia, está usando máscaras e evitando aglomerações?

Cada uma dessas perguntas deve ser feita olhando-se para dentro. Eu tenho feito a minha parte para melhorar a minha vida e a vida das pessoas com quem convivo? Seja no trabalho, na escola ou em casa, o que eu acrescento de positivo para que as coisas mudem? Esperar a mudança do outro é sinônimo de comodismo. A mudança deve partir de cada um, pensando principalmente no coletivo.

Fazer a sua parte é essencial para que possamos viver numa sociedade mais justa, igualitária e onde os resultados possam ser compartilhados por todos. Fazer a sua parte não é para falar que você faz, e sim para que as pessoas vejam em você o exemplo, e passem também a imitá-lo. Afinal de contas, dizem que um exemplo vale mais que mil palavras.

Por que amar é tão difícil?

Primeiramente precisamos definir o que é amar, para depois falarmos de amor. Amar é um verbo transitivo direto, segundo o dicionário, que tem como principal significado “demonstrar amor”.

Parece que é fácil entender, mas não é. Quando falamos em amor, logo vem à mente não o sentimento, mas a imagem das pessoas que amamos ou que julgamos amar, sendo a mãe, o pai, os filhos, a esposa, o marido, amigos, cachorros, gatos, plantas e outros seres vivos…

Há quem diga que fazer o mal é mais fácil que fazer o bem. Nessa lógica, amar é mais difícil que odiar. Vamos tentar compreender. Se vimos uma pessoa na rua e desejamos fazer o mal a ela, não parece uma tarefa difícil. Podemos agredi-la verbalmente, com xingamentos e desejar-lhe coisas ruins. Podemos também agredi-la fisicamente. Podemos ainda contar os segredos dessa pessoa, caso saibamos, ou quem sabe inventar mentiras sobre ela e propagá-las ao vento. Como é fácil ser ruim!

E o bem, como o fazemos? Podemos oferecer ajuda a um idoso para atravessar a rua, mas ele pode não aceitar. Podemos oferecer flores a um desconhecido na rua? Podemos dizer ao outro como ele está bem vestido ou elogiá-lo por sua beleza? Podemos abraçar alguém e dizer-lhe o quanto o amamos? Seria prudente contar os nossos segredos ao outro, mesmo sem conhecê-lo muito bem? Entre um sim e um não, preferimos muitas vezes não demonstrar amor.

Para fazer o bem necessitamos pedir permissão. Parece estranho, mas antes de amar o próximo precisamos contar com o seu consentimento. Além disso, nunca teremos a certeza de que alguém que diz que nos ama está nos fazendo o bem ou que realmente nos ama. Pode ser falsidade. Já fazer o mal ou odiar parece mais óbvio. Ninguém finge que odeia o outro. Concordam?

 Amar é mais difícil que odiar, porque quem odeia faz isso de cara lavada, sem preocupar-se com as consequências. Amar dá mais trabalho porque precisa se provar que ama. Vejamos um relacionamento amoroso. Primeiro paqueras, depois conversas, saídas, programas, conhecer os amigos, as famílias, até selar o namoro. “Eu te amo”e “eu também te amo” oficializam que algo bom foi feito e que o amor existe, pelo menos em teoria.

Imaginemos então alguém dizer “eu te amo” para o outro no primeiro encontro. Certamente quem ouviu não acreditou. Como ele ou ela me ama sem me conhecer direito, em tão pouco tempo?  Tem alguma maldade por trás desse “eu te amo”? O ódio é definido, o amor pode ser impreciso.

Nota-se que fazer o mal ou odiar é bem simples. Basta proferir palavras ou cometer atos que demonstrem o seu sentimento ruim. Já o amor precisa ser frequente, invisível, incansável, para ter o seu final feliz ou continuar sendo feliz enquanto dure. Chegar no horário marcado, ter paciência com o outro, escutá-lo, comprar um presente surpresa, não bagunçar a casa, buscar os filhos na escola, ser carinhoso(a), cuidar do outro na doença, incentivá-lo nas derrotas, sofrer junto, realizar sacrifícios, tudo isso requer tempo e demonstra amor recíproco.

Dizer “eu te amo” é também importante, mas mostrar que ama é bem melhor, mas não é simples, e deve acontecer cotidianamente, sem expectativas.

Por isso, muitas pessoas desistem cedo, porque amar é difícil, envolve escolhas e decisões, perdas e ganhos, enquanto odiar parece descomplicado, porque o ódio é leve, líquido, fugaz, vai embora e deixa algumas marcas, mas com o tempo acabamos esquecendo dele, porque não vale a pena.

Vou sempre preferir o amor, porque é mais difícil, porque quando se conquista dá mais prazer e se torna mais duradouro e sólido. O amor, como dizia Drummond, “é privilégio dos maduros”.

Quem é ridículo(a)?

Alguém está andando na rua e de repente vê um homem andando de mãos dadas com uma moça que aparenta ter menos da metade de sua idade. Filha? Neta? Sobrinha? Ou apenas uma namorada? Não importa, a frase que vai soar é: “Vejam que velho ridículo”!

Ridículo no dicionário é aquilo que provoca riso ou quem tem aspecto espalhafatoso ou extravagante. Dentre os diversos sinônimos que essa palavra possui, encontramos “brega, cafona, esquisito e excêntrico”. O que isso quer dizer?

Absolutamente nada. Se temos liberdade para sermos o que quisermos, por que se importar com o que pensam os outros? Se você prefere escutar funk a música clássica, se gosta de se vestir com roupas coloridas ou se acha que é comum namorar alguém bem mais novo(a) que você, o problema é de quem?

Somos muitas vezes criados numa cultura onde ridicularizar o outro é comum. Se é diferente de mim, então é esquisito, é estranho, é vulgar. Todos querem e buscam ser iguais. São as mesmas roupas e marcas, são os mesmos penteados, as mesmas cores da moda, o mesmo projeto de vida, os mesmos medos e angústias. Todo mundo quer ser diferente, mas acaba sendo igual.

O ridículo foge do padrão. Ele ou ela não se importa com o que os outros vão pensar, sentir ou rotular. Vive a sua vida, sem se preocupar com o olhar atento e crítico de pessoas que não significam nada em suas vidas. O ridículo é aquele que escuta a música com a qual se emociona, lê o livro que lhe convém, veste a roupa mais confortável e não se importa com a opinião alheia. Muitas vezes, ele age mais com a emoção que com a razão.

Por isso, quando andamos pelas ruas enxergamos facilmente o que julgamos “ridículo”, porque todos são tão iguais que os diferentes acabam aparecendo e se destacando. O ridículo pode até não entender de moda, mas compreende que não estar na moda é ser livre. Liberdade, portanto, é viver a sua vida, sem olhar muito para os lados, porque a cada palavra negativa, cada olhar de censura, é um dia a menos de vida, especialmente, para quem dá valor ao que o outro acha.

Talvez a Psicologia explique melhor essa sensação que a pessoa tem quando o outro faz algo diferente. Talvez eu me veja no outro, querendo fazer o mesmo, mas com medo das críticas. Gostaria de ser diferente, mas não posso, porque minha família não aprovaria, porque meus amigos se afastariam ou porque alguém em algum lugar me veria como estranho.

Estranho, esquisito, extravagante, excêntrico ou simplesmente ridículo, é aquele ou aquela que tenta se parecer com o outro porque não tem personalidade própria. Porque vive atrás de muros para se proteger da opinião alheia, que frustra os seus sonhos, para viver os projetos de outrem.

Ridículo é deixar de viver a sua vida para viver a vida do outro.

Agir, reagir ou esperar?

Esperar é um verbo que pode ter dois sentidos. Um negativo e outro positivo. Esperar pode ser sinônimo de paciência, que é uma qualidade. As mudanças não acontecem da noite para o dia, e ser paciente e também resiliente, mostra que a espera é uma virtude.

Do mesmo modo, esperar pode ser visto como acomodação. Quem espera muito pode não alcançar o que deseja. Algumas pessoas, por exemplo, esperam uma situação perfeita para tomar atitudes. “Só vou começar a estudar quando tiver um computador”; “Só vou me casar quando a casa estiver pronta e toda mobiliada”; “Só vou tentar tirar a habilitação quando comprar um carro”, e por aí vai…

Mais importante que esperar é agir. A ação é que vai nos mostrar se conseguiremos ou não alcançar o objetivo traçado. Se desejo mudar de emprego, é preciso agir, mas também planejar. Atualizar o currículo, fazer contatos, verificar as vagas disponíveis no mercado, estudar algumas empresas, enfim, pensar antes de agir.

Esperar que alguém bata à sua porta e lhe ofereça um emprego é quase impossível, digo ‘quase’, porque se você realmente for um profissional excelente talvez isso possa acontecer. No mundo real as mudanças começam por nós: eu quero, eu preciso, eu planejo, eu executo, eu corro atrás.

No entanto, nem só planejamento e ação podem efetivar as mudanças que você deseja. Existe outra palavra importante, que em minha opinião, é fundamental para que tenhamos êxito, seja na vida pessoal, seja na vida profissional. Essa palavra é “reação”.

Como reagimos diante das mudanças? Você foi demitido, como reagiu? Você foi reprovado, qual foi a sua reação? Você adoeceu, sofreu um acidente, recebeu um “não” de alguém ou de uma empresa, como reagiu diante das contingências negativas?

O poder de reação pode ser exemplificado numa partida de futebol. O time levou um gol, depois outro, mas o jogo não acabou, e está no intervalo. Jogadores e comissão técnica param, pensam, conversam e com alguma estratégia formulada, além de muita motivação, voltam ao gramado e viram o jogo.

Nem todos sabem reagir positivamente diante do fracasso, esquecendo que são derrotas e contingências negativas que nos fazem crescer, pavimentando o caminho para o sucesso. São os erros e falhas que moldam a nossa experiência. É quando você diz: “não vou agir dessa forma, porque errei e aprendi”.

O modo como reagimos a tudo em nossas vidas é que faz a diferença. Sou a favor do planejamento, mas quando ele é só uma etapa do objetivo. Tem gente que passa a vida toda planejando. Sou mais a favor ainda da ação, porque ficar parado não vai te levar a lugar nenhum. Já a reação, é mais que necessária. Ela nos mostra o quão estamos interligados ao ambiente e ao coletivo. Reagir é levantar a cabeça e agir novamente, sem se preocupar com o que os outros vão pensar ou dizer.

Quando menos é mais?

Vivemos insatisfeitos! E ao ligarmos a TV ou navegarmos pela internet temos cada vez mais a certeza de que esta frase é verdadeira. Por que isso acontece?

Nesse mundo de mudanças, dizer que “mudar é preciso” é também cada vez mais óbvio. Mas que tipo de mudanças queremos? Para alguns a mudança de emprego. Para que? Para ganhar mais. A outros interessa a mudança de casa. Para que? Para ter mais espaço. A maioria quer mudar de vida. Para que? Para ter mais dinheiro, mais bens, mais amigos, mais lazer, mais, mais, mais…

Quanto mais desejamos é porque mais nos falta. Na lógica capitalista, acumular é preciso! Precisamos ter mais, cada vez mais, para que sejamos também mais: mais felizes, mais satisfeitos, mais confiantes, mais ricos. No pensamento de Sócrates, vamos sempre querer mais, porque desejaremos sempre aquilo que nos falta, e lógico, algo sempre irá nos faltar.

Ter uma casa maior fará com que tenhamos mais espaço: para uma área gourmet, para uma garagem maior, uma piscina, uma sauna, para receber os amigos. A manutenção da casa certamente seguirá o mesmo ritmo: concertina nos muros, câmeras ao redor, limpeza da piscina, faxineiras, jardineiro e tudo aquilo que for necessário para manter a casa.

Desejamos trocar todos os móveis, porque móveis velhos não combinam com uma casa nova. E os desejos vão se multiplicando. E com eles as preocupações também. O medo de ser assaltado, de realizar uma viagem mais longa, de sair de casa, de receber desconhecidos, de achar que todos o invejam porque sua casa é a mais bonita da rua.

Quando não temos tantos desejos, ou melhor, quando conseguimos dominá-los, menos vai ser mais. Mas como explicar que não satisfazendo nossos desejos conseguiremos mais coisas? Porque quanto menos temos, maior a nossa possibilidade de viver uma vida mais tranquila, sem preocupações ou medos.

Se o seu carro é popular, menor será o seguro, menor será a taxa de IPVA, menos onerosa será a sua manutenção, menor será o seu desespero se alguém arranhá-lo. Assim vale para tantos bens, incluindo a sua casa. As pessoas sempre vão pensar no comprar e nunca no manter. É como ter uma impressora em casa. Ela possui um preço razoável, que em duas ou três prestações será quitada, mas o problema está nos cartuchos, ou seja, comprar é fácil, o difícil é mantê-la.

Menos será mais, porque a nossa tranquilidade, a nossa paz, ou se preferirem a nossa felicidade, pode ser inversamente proporcional à quantidade de bens que temos. E mais será menos, porque quanto maiores forem as nossas posses, menor será o tempo para dedicarmos àquilo que realmente deveria ter valor para nós.

Desapegar pode ser a palavra-chave que nos levará a uma vida minimalista. Não desejo com isso que pessoas se tornem desambiciosas. Mas que tenham a consciência e possam refletir que tudo aquilo que desejamos e adquirimos têm um custo maior do que aquele que calculamos no momento da compra.

Ter ou não ter vaidade?

Na bíblia, no livro Eclesiastes, especificamente no capítulo 1, versículo 2, diz-se que: “Tudo é vaidade”. Mas ter vaidade é bom ou ruim?

Para os religiosos, a vaidade é ruim, porque de alguma forma ela se torna inútil. Afinal, de que adianta a vaidade se um dia vamos morrer? Do mesmo modo, além de inútil alguns afirmam que ela também é passageira, pois só vai durar enquanto permanecermos vivos.

Já o dicionário diz que a vaidade é a “qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória”. Se parássemos o texto aqui, teríamos a certeza de que a vaidade é algo ruim, pois ela engana, ilude, nos faz crer em algo que não existe ou naquilo que não somos.

Um advogado se veste bem, com terno e gravata, recebe os clientes em seu escritório, desloca-se ao fórum da cidade para participar de audiências. Ele é desprovido de vaidades? Você leitor, enquanto cliente, contrataria um advogado que o atendesse de bermuda, camiseta e tênis? Certamente não.

Nos vestimos de forma mais elegante, se assim posso dizer, também para nos sentirmos bem conosco, ou também para cumprir uma etiqueta que não é nossa e sim da sociedade. Se vou a um baile, no convite já diz o traje. Não estou indo para me iludir ou enganar alguém.

A vaidade é boa quando eleva nossa autoestima. Não é que vamos nos achar melhores que os outros, mas talvez melhores que nós mesmos, no sentido de evolução. Se hoje tenho um terno e posso usá-lo em ocasiões especiais, talvez num passado próximo não o tivesse porque meu salário não me permitia tê-lo. Evoluí profissionalmente!

Reparem que ao usarmos a palavra ou o verbo “ter”, acreditamos que algo é ruim, porque aprendemos em sociedade que é “melhor ser do que ter”, porque quem tem é racional, só pensa em dinheiro ou não é boa pessoa. Quem é (no sentido de ser), geralmente carrega consigo qualidades diferenciadas que nem todos conseguem ou podem “ter”.

Por isso defendo que ter vaidade é bom, dentro dos limites do equilíbrio. Vestir-se com vaidade é bom, desde que isso lhe faça bem interiormente. Ter vaidade para mostrar ao outro não pode ser bom, porque desperta a inveja, a cobiça e outros tantos sentimentos ruins.

Para quem sempre diz que ser é melhor que ter, é preciso cuidado. Eu prefiro “ter” vaidade, porque a tenho na medida certa, de forma equilibrada, a “ser” vaidoso, pois o ser é algo permanente. Dizer-me vaidoso significa que estou “cheio de vaidade”, ou seja, estou quase completo, lotado de vaidade.

Portanto, a vaidade não é algo ruim, mas ela precisa ser controlada. Já o vaidoso ou a vaidosa necessita voltar o seu olhar para dentro e esvaziar-se, não só da vaidade, mas também de algumas crenças.