A etimologia da palavra “relacionar” indica o latim relatio, ou restauração, ato de trazer de volta. Desse modo, quem se relaciona sempre volta. Há um primeiro encontro, depois um segundo, até que o relacionamento se torna namoro, noivado e por fim o casamento (ou a união). Nesse sentido, quando há ruptura, ou seja, quando não há volta, não há relacionamento.
Relacionamentos amorosos sempre são difíceis, pois envolvem pessoas que, muitas vezes, pensam e agem de forma diferente. Sempre digo que o casamento foi feito para não dá certo. Por quê? Porque a ideia do casamento é colocar duas pessoas diferentes embaixo do mesmo teto. Quando se namora é cada um em sua casa; quando há brigas, cada um vai para sua casa; quando as contas chegam, cada um paga as suas, e assim o relacionamento não implica escolhas ou decisões, porque cada um toma a sua como melhor lhe aprouver.
No entanto, independentemente do tipo de relacionamento, algumas regras são de ouro e precisam ser seguidas. Podemos até discutir se as chamamos de regras, mas essas ações são necessárias para que o relacionamento perdure, assim como se prega na igreja, “até que a morte os separe”.
A primeira regra de um bom relacionamento amoroso é a amizade. Amigos podem se encontrar pouco, podem discordar de pensamentos e ações, podem divergir politicamente, mas continuam sendo amigos. Porque o que precede a amizade é o respeito. Amigos não traem, porque se traem é sinal de que a amizade não era verdadeira. Gostamos dos amigos, pensamos neles, queremos estar próximos a eles, porque sabemos que o papo flui, que eles nos entendem e vice-versa, que podemos contar com eles, que há diálogo, que mesmo à distância há entendimento, que a amizade é mais forte que qualquer coisa.
A segunda regra trata da admiração. Não há como você gostar de alguém, sem admirá-la. Precisamos admirar a pessoa que está ao nosso lado, seja pela beleza, pela inteligência, pela conduta ética, pela honestidade e seriedade, enfim, é necessário admirar o outro, porque isso faz bem ao relacionamento. Quando admiro tenho medo da perda do parceiro. Desejo que a pessoa esteja ao lado, assim como a um amigo. Vejo qualidades nela, que talvez em mim sejam menores. Reconheço que estou com alguém admirável e que a minha vontade é continuar com ela para sempre. Como é bom estar ao lado de alguém que lhe faz bem, que lhe quer bem, que possui tantas qualidades.
A terceira regra é o amor. Mas por que o amor vem por último? Porque sem a amizade e a admiração, o amor não tem forças. Podemos dizer um ‘eu te amo’ a qualquer pessoa, mas senti-lo não. O amor não está nas palavras e sim nas ações, no dia a dia, no admirar, no querer bem, no cuidar, no pensar no outro, ele estando perto ou longe. É mais que amizade. É empatia. É muitas vezes colocar no outro o sentido de sua vida, mesmo sabendo que se não der certo, o melhor foi feito. É ter a capacidade de compreender que mesmo que não seja para sempre, vai valer a pena. É correr riscos, é se entregar.
Poderíamos ficar aqui escrevendo páginas e páginas acerca dos relacionamentos amorosos, sobre admiração, amizade e amor. Mas descobriríamos que o essencial não é pensar em você e no quanto você deseja ser feliz com alguém, e que o seu modo de agir e pensar é que vão atrair o outro e não o contrário. Porque como dizia Mário Quintana, em seu poema Um dia, “no final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você…”.