Muitos de nós fugimos dessa pergunta, ou porque nos consideramos novos demais para pensar na morte, ou pelo simples fato de que falar de morte não é um assunto interessante.
A nossa finitude não é um tema no qual temos apreço em discutir ou mesmo pensar. Por isso adiamos sempre, a não ser quando alguém que nos é próximo falece ou também quando enfrentamos alguma doença mais grave. Mas é certo que um dia estaremos mortos e não teremos consciência disso.
No entanto, a pergunta insiste em minha mente, e outras surgem em forma de diálogo:
“Quando vou morrer”? “Não sei, mas espero que demore muito”.
“Por que”? “Porque quero viver muito e aproveitar a vida”.
“E você tem aproveitado muito a sua vida”? Eis o silêncio…
Há pessoas que não querem falar da morte, não querem saber o dia do seu velório, mas já estão mortas há muito tempo. Vivem infelizes e insatisfeitas com tudo na vida. Algumas reclamam o tempo inteiro, outras vivem buscando culpados pela vida desgraçada que levam. E mais um tanto de gente fica acomodada, esperando que algo mude, quando quem deveria mudar é a própria pessoa.
Podemos refazer a pergunta, trocando o tempo. “Quando você morreu”? Mudar o verbo faz com que reflitamos sobre a nossa vida e não sobre a morte. Vive-se uma vez somente, e é preciso que tenhamos consciência disso. A morte chegará a todos, mas quando chegar vamos pensar na vida, nos sonhos que não realizamos, nas atitudes que não tomamos, nos desejos que abandonamos, na vida que não vivemos. Parece triste, e é…
Desejo muito que a data de minha morte se prolongue, porém, enquanto isso não acontece, eu preciso viver. Viver o presente e tentar ter a certeza, ou pelo menos a sabedoria em compreender que a morte vai chegar, inexoravelmente, mas que nesse ínterim eu tenha vivido plenamente, afinal, como dizia Rubem Alves: “A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente”.