A resposta mais óbvia seria “as duas coisas”. Sempre haverá pessoas boas e pessoas más. Mas o que torna uma pessoa boa ou má?
Alguém poderia responder de imediato: “Ora, fazer o bem ou fazer o mal”. Mas o que é o bem? O que é o mal? Não consigo defini-los de forma exata. Vamos analisar a história (fictícia) abaixo, para exemplificar e tentarmos entender um pouco da bondade e da maldade.
Meu vizinho deu uma festa em sua casa, que virou a madrugada. Eu, não conseguindo dormir, liguei para a polícia e o denunciei. A polícia chegou e acabou com a festa. Pergunto: fiz o bem? Sim. Pra quem? Pra mim. Fiz o mal? Sim. Pra quem? Para meu vizinho e seus convidados. Depois de resolvido o meu problema, posso fazer um exame de consciência e me perguntar: Por que denunciei meu vizinho? Pensando em mim ou também nos outros vizinhos? Se foi só em mim, posso ter sido egoísta. Por que denunciei meu vizinho? Por que o barulho estava me atrapalhando a dormir ou por que não fui convidado para a festa? É possível crer que fui invejoso, ou não? Cumpri meu papel de cidadão e fiz valer a lei. Mas eu sempre cumpro a lei? Ou só quando ela me é favorável?
Reparem que ninguém é cem por cento bom, e com certeza não é mau também. Somos pessoas boas, que algumas vezes agimos de forma maldosa, assim como podemos ser maus e vez ou outra fazer o bem.
O problema é que culturalmente somos ensinados ou induzidos a acreditar que algumas pessoas nascem boas ou más, e isso depende da cor, da raça, da família, da religião, de fatores sociais e econômicos, enfim, de características que nada tem a ver com o caráter.
As pessoas da nossa família são boas, porque são confiáveis e trabalhadoras. As pessoas que frequentam a nossa igreja são boas, porque sempre pensam no coletivo. No nosso trabalho as pessoas são ótimas, pois estão sempre dispostas a se ajudarem. Tudo aquilo do qual fazemos parte é sempre bom, mas quando estamos ausentes, pode ser que seja mau.
Quais as chances de um pobre ou de um negro cometer um delito? Brancos e ricos são sempre mais confiáveis? Existe genética na bondade e na maldade? Quem comete violência doméstica é menos bandido que quem a comete nas ruas? Fatores sociais e econômicos são sempre avaliados estatisticamente? Afinal, quem é bom? E quem é mau?
Precisamos ter cuidado na busca por respostas, pois tanto a maldade quanto a bondade podem estar bem próximos a nós, e a diferença entre elas pode estar num simples olhar.