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Para que servem as gavetas?

“Para guardar coisas”, responderia o mais apressado. Se a pergunta tivesse apenas uma resposta, o texto acabaria aqui e não teria sentido refletir sobre gavetas, ou sobre coisas.

Contudo, o problema não são as gavetas nem tampouco as coisas, mas a nossa ação de guardar. Abra uma gaveta de sua cômoda, do seu criado, do seu guarda-roupas, e verá que há sempre algo nelas: coisas, papeis, objetos, roupas, e talvez algo de que nem se lembrava mais.

Quando abrimos as gavetas muitas vezes nos deparamos com objetos estranhos, que parecem não fazer mais sentido, sem uso, utilidade ou qualquer importância. E então voltamos no tempo e revemos esses objetos quando ainda nos eram úteis ou significavam algo relevante em nossas vidas.

Neste momento alguém encontrou uma avaliação da época de faculdade e viu uma nota 10 no papel. Sorriu. Lembrou-se de quando foi feliz ao realizar aquele teste, do quanto foi elogiado (a), dos professores, da turma, das aulas, dos bons momentos… A memória foi despertada e uma certa nostalgia apareceu, afinal de contas, aquilo era passado e as vitórias de ontem não apagaram o fracasso de hoje. Um acadêmico excelente, um profissional medíocre…

O comprovante da conquista é então novamente recolocado na gaveta, para que futuramente as reminiscências retornem, trazendo consigo a falsa esperança de que algo vai mudar.

Do outro lado da cidade, um outro alguém abre sua gaveta e nela encontra uma blusa, que parece ter o cheiro de alguém especial, ainda que racionalmente saiba que o cheiro está na sua mente e não na roupa. A blusa está lá, intacta, assim como os brincos, os sapatos e as fotos. Todos guardados cuidadosamente, como se esperasse uma visita ilustre. Mas ela não vem!

As gavetas são assim, cheias de coisas e de sentimentos, mas vazias de atitudes.

Não gosto de gavetas! Elas guardam o nosso passado!

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4 comentários em “Para que servem as gavetas?

  1. “Não gosto de gavetas! Elas guardam o nosso passado!”

    O conceito de tempo linear é uma criação humana (o presente é o passado de amanhã e o futuro de ontem). Por que não gostar das gavetas, se o conteúdo delas ajudou a definir o dia de hoje? Talvez seja medo de que o tempo, além de não linear, seja cíclico…

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    1. Primeiramente gostaria de agradecer pelo comentário. Infelizmente nos apegamos muito ao passado, guardando objetos e sentimentos que não mais retornarão, especialmente se “no hoje” me sinto infeliz. O passado é nostálgico, mas não tem como ser alterado, somente lembrado. Talvez eu não goste de gavetas, porque sou desapegado…Um grande abraço!

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